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Se precisar de ajuda ligue: 188 (CVV)

COMIGO FOI ASSIM...

Esse será um espaço para você desabafar e contar um pouco sobre como você lidou com algum tipo de doença mental, assim como eu, que tive depressão e transtorno de ansiedade. Se abra e escreva tudo que sentir vontade, aqui não existe limite de caracteres! 

Conte um pouco sobre quando você sentiu que estava doente, quais foram os gatilhos que te tornaram vulnerável e refém da sua própria mente, qual foi seu diagnóstico, se precisou tomar remédios, quais foram as suas principais dificuldades, sintomas, se você fez algum tipo de terapia, se fez outras atividades para te ajudar, como você se curou ou está se cuidando.

Deixe uma mensagem de esperança para as pessoas que também passam por isso, porque TUDO VAI PASSAR!

Envie seu depoimento pelo e-mail: fluirdamente.saudemental@gmail.com com o assunto "Depoimento" (apenas eu tenho acesso, sinta-se seguro (a)).

Obs.: Caso não queira que eu divulgue seu nome, o depoimento aparecerá como anônimo, mas para dar mais coragem para que outras pessoas falem, seria muito legal saber seu nome, idade e por qual tipo de doença mental você passa ou passou.

Acho que mais do que divulgar conteúdo como jornalista aqui no FLUIRDAMENTE, como pessoa eu tenho uma missão muito maior, que é servir de exemplo para pessoas que estão com alguma doença mental!

Por isso, eu mesma estou aqui divulgando o meu depoimento através do vídeo abaixo em que conto como me deparei com a doença, como lutei contra ela até aceitá-la e ir atrás de uma solução. Mas não foi fácil essa jornada e eu conto como consegui superá-la e estar aqui fazendo esse site para VOCÊ.

 

Vamos lá, não tenha receio, algumas coisas que falo são realmente tristes, como a tentativa de suicídio, mas ao invés de calar, tampar os ouvidos, veja e ouça com atenção para que você não passe pelo que eu passei e aproveite a dádiva da VIDA. TUDO VAI PASSAR, ACREDITE! Namastê e aperte o PLAY...

Depoimento FLUIRDAMENTE - Joice (jornalista, 31 anos) - Você já teve depressão?
FLUIRDAMENTE

Depoimento FLUIRDAMENTE - Joice (jornalista, 31 anos) - Você já teve depressão?

Anônimo (a), 32 anos, Ansiedade

Arquiteta

Acho que desde que me entendo por gente considero-me uma pessoa ansiosa, acelerada. Mas as coisas tomaram uma proporção diferente em 2013, após a morte da minha mãe. Na época, eu estava no que eu digo como melhor e pior momento da minha vida ao mesmo tempo. Meses antes eu havia conseguido uma bolsa de estudos para intercâmbio em uma universidade em Portugal. Isso foi motivo de muita alegria em casa, inclusive da minha mãe mesmo. Porém, durante o intercâmbio ela veio a adoecer e, antes que pudesse fazer algo, ela faleceu.

 

O primeiro ano após essa perda foi muito difícil para mim. Eu tinha uma sensação de estar anestesiada. Eu não conseguia ver nada como antes. Voltei ao Brasil e a faculdade, reencontrei amigos, reencontrei minha família, minha namorada da época e todos faziam de tudo para me confortar e me puxar pra cima, mas eu não estava ali. Estava em outro lugar. Lembro de sempre ouvir as pessoas falando de longe, lá no fundo. Eu estava na rodinha de conversas, mas alguma coisa me puxava dali para uma tristeza profunda. Algo que eu não tinha como explicar. Queria poder tomar um remédio e dormir uns dois anos. Só acordar muito tempo depois sem essa dor. Mas sabemos que as coisas não funcionam assim. Sentia minha vida sem sentido. Pensava sempre "por que não fui junto?". Por muitas vezes ia dormir pensando que se não estivesse ali, talvez não faria falta e que poderia abreviar este sofrimento. Mas... não, eu nunca tive coragem de fazer nada. E aos poucos, com o carinho de quem estava por perto e a minha vontade de sair daquilo, fui me reerguendo.

 

Foi um longo processo até poder lidar com tudo isso de uma forma mais saudável e mais em paz. Porém, um gatilho ficou ali na minha mente: o abandono. A ruptura abrupta do laço de vida com a minha mãe e, na sequência, muitos problemas com meu pai, que rapidamente se envolveu com outra pessoa e deixou a mim e minha irmã, deixaram em mim uma cicatriz e um medo terrível de ser abandonada. Daí para frente, meus relacionamentos sempre foram sofridos, sejam os sem compromisso ou até mesmo os sérios. Se envolver com alguém era ter alguns poucos momentos felizes para passar meses depois revisitando a sensação depressiva e ansiosa. Noites inteiras sem dormir, choro, baixa autoestima, quando conseguia dormir estava sempre agitada, com sonhos ruins, sem fome, perdia peso a ponto de parecer doente. Isso aconteceu algumas vezes.

 

Recentemente, já durante a quarentena devido a pandemia, após uma separação, tive de fato as primeiras crises fortes de ansiedade. Durante à noite comecei a sentir um frio demasiado, na sequência deitei e só queria ficar encolhida. Era uma sensação estranha, porque meu coração começava a acelerar e eu tremia. Só conseguia ficar em posição fetal e sentia meu corpo tendo vários espasmos, a boca seca e o coração batendo forte. Estava perdendo a noção do que acontecia fora. Parecia que eu ia desmaiar ou ter um infarto. Depois de algumas horas me sentindo assim, acabei dormindo. Mas no dia seguinte, sentia o corpo todo dolorido, estômago sensível, uma sensação pesada... Dentro da cabeça havia ainda a sensação depressiva, mas agora o corpo respondia também. Infelizmente aconteceram outras vezes. 

 

Ainda sinto-me bastante ansiosa. Faz apenas dois meses que as coisas ficaram assim. Ainda sem poder buscar ajuda psicológica, tento por conta fazer o melhor que posso por mim mesma. Comecei a fazer caminhadas e, em tempos de quarentena e #ficaemcasa, nos dias mais pesados, faço caminhada de manhã e no final da tarde. Evito acompanhar os noticiários com muita profundidade, tendo notícias mais básicas. Filmes, por enquanto, só comédias ou coisas que me façam bem, livros com histórias leves e atividades que preencham meu dia com algo mais positivo. Aproveitei o período para fazer mudanças em casa, pintei, mudei as cores, decorei com plantas e passei a cuidar delas no dia a dia (o que também é uma terapia), ouço mais música, procuro me divertir com minha gata e seguir a rotina realizando coisas que envolvam meu bem-estar. Como deixar a casa limpa, organizada, cozinhar algo que gosto, abrir um vinho e tomar uma taça num dia frio, pedir uma comida que gosto e me divertir na minha própria companhia.

 

Não tem sido fácil. São muitas as lembranças da outra pessoa em casa. Tem dias que a sensação de solidão e abandono batem muito forte. Nos dois primeiros meses de quarentena eu realmente não consigo me lembrar de um dia sequer em que não tenha tido crises de choro, muitas vezes duas ou três no mesmo dia, ou durante a madrugada. De alguma forma, nesse processo todo, seja físico ou mental, parece que me perdi de mim. Tive dias de não saber mais quem eu era, me senti sem identidade, sem valor. Ainda olho no espelho e, por mais que saiba das minhas qualidades e que cabe a mim seguir em frente, oscilo entre dias bons, leves de energia alta e dias péssimos, tristes, depressivos, onde não sinto vontade de levantar da cama, nem abrir as janelas, me sinto só, choro e de novo estou anestesiada. Posso me arrumar e não me sinto bonita, posso sair e não me distraio, posso dormir, mas não descanso, como mas comer não é prazeroso.

 

Ainda sigo no desafio e sei que vou vencer. Se você está lendo isso, o que posso dizer é que cuide da sua energia, procure cercar-se de quem te faz bem, e nunca desista de você mesmo. Às vezes tem muitos dias nublados, mas uma hora eles acabam. Uma hora você sai e o Sol está te esperando e, mesmo que chover, até lá, você já aprendeu a tomar banho de chuva. 

Carlos Silva, 38 anos, Depressão

Engenheiro

Minha relação com a depressão na verdade começou primeiro com as crises de ansiedade durante minha adolescência. Na época estava me sentindo muito pressionado por conta do vestibular, carreira, estudos e tudo aquilo que a família espera de nós (demandas do mundo).... Apesar de que agora, depois de muito tempo, me recordo mais claramente de alguns episódios de bullying que sofri na escola e certamente a rejeição influenciou muito neste processo.

 

Pois bem, depois que passei pelo vestibular comecei a faculdade e tentei retornar a vida normal e, creio eu, esse foi o maior erro porque nada voltou ao normal, muito pelo contrário, pois eu quando tentava andar longe de casa, sentia ansiedade, tentava me socializar com os colegas, vinha o medo enorme de ser julgado, tentava iniciar projetos pessoais, mas me sentia sufocado.

 

Mas, por incrível que pareça, consegui terminar a faculdade e arrumei estágio em São Paulo. Infelizmente, novas crises vieram e pareciam aumentar cada vez mais, foi aí que comecei algumas terapias que ajudaram a amenizar um pouco. Conheci uma pessoa, casamos e tudo parecia ter passado.

 

Grande engano né... pois, em 2014, tive uma crise em local fechado, mais conhecido como claustrofobia, e aí se iniciou mais uma série de crises, porém dessa vez estava vindo com depressão, e junto com ela vem aquela sensação de que tudo estava errado em minha vida, como se eu não prestasse para nada. Do nada a minha vida não tinha mais sentido algum…

 

O tempo foi passando e em 2019 consegui uma bolsa de estudos no exterior e ainda com boa parte dos custos bancados pela empresa. Poxa, parecia um sonho a ser realizado, por isso, fiquei muito contente no início, mas não durou muito, logo vieram aqueles pensamentos negativos junto com a ansiedade, mas eu consegui resistir até o dia da viagem, porém tive uma crise muito forte e não consegui embarcar.

 

Essa foi, creio eu, a minha maior crise em que de fato pensei seriamente em me matar... Fiquei uma semana afastado do trabalho e comecei a tomar remédio, o que ajudou a amenizar. Por outro lado não consegui muito apoio por parte das pessoas ao meu redor, muito porque a maioria vem com aquelas frases já prontas, tipo: “é só uma fase, vai passar, tem que pensar positivo, vai para a igreja, vc precisa de deus….” Até hoje eu não sei se ouvir essas coisas me faz mais mal do que bem, na melhor das hipóteses não ajuda nem piora, só aumenta a minha distância, pois é aí que eu vejo o quão distante estou de todo mundo.

 

Bom, a parte positiva deste processo foi quando eu comecei a enxergar a Ecologia como algo a ser atuado, tipo contribuir com um projeto de filantropia. Pois bem, o que começou como algo banal foi crescendo, daí eu comecei a estudar a respeito e logo entrei em uma ONG. Comecei a realizar trabalho voluntário, como plantio de árvores, e não demorou muito para eu aplicar esse conceito para uma prática de vida mesmo, como, por exemplo, me tornar vegano.

 

A partir daí eu fui me aprofundando, me conscientizando de várias coisas que agente não faz como, por exemplo, o que comer, como comer, como aqueles vegetais estão sendo produzidos, o impacto negativo dos agrotóxicos para o meio ambiente e para a nossa saúde mental... Enfim, vários pontos que me estimulou a olhar a natureza de outra forma e, com isso, mudar o estilo de vida ficou muito mais fácil.

 

Além disso, existem muitas pesquisas que mostram que a poluição do ar e da água também podem influenciar em nosso humor e, consequentemente, no aumento da depressão. Então, a vida nas cidades precisa ser mais ecológica urgentemente, caso contrário, não sairemos deste ciclo de depressão e ansiedade.

 

Um outro ponto ecológico não menos importante é o consumismo, com certeza isso nos afasta da realidade à medida que a compra de produtos de forma desenfreada é uma compulsão, causa dependência química e também causa esgotamento dos recursos naturais. Ter uma vida menos consumista ajuda a natureza e nos aproxima dos nossos verdadeiros desejos e ideias, os quais com certeza não necessitam de compra desenfreada de carros, motos, televisores, celulares, etc.

 

Enfim, hoje eu digo que, apesar de não estar curado, nem acreditar muito na cura em si, com certeza a maneira com o qual eu enxergo as coisas ao meu redor mudou radicalmente para a melhor e gostaria muito que as pessoas também prestassem um pouco mais de atenção na Ecologia e como ela pode trazer muitos benefícios.

Anônimo (a), 19 anos, Depressão

Estudante

Tudo começou quando eu tinha apenas 16 anos, aconteceu depois que eu fui em uma festa de família e fui assediada sexualmente por um primo meu. Fiquei trancada com ele sem a possibilidade de gritar ou sair dali, acabei sendo forçada a beijar ele e a fazer outras coisas que eu também não queria, mas não chegamos a realizar o ato, mesmo assim eu fiquei muito apavorada e depois daquilo não fui a mesma.

Naquela época eu namorava e eu poderia ter falado para o meu namorado - com quem eu tive a minha primeira relação sexual - o que tinha acontecido, mas eu não consegui e também não queria mais ficar com ele e nosso relacionamento terminou. Não confiava mais em nenhum homem. Me sentia culpada e com vergonha do que tinha acontecido e aí veio a depressão.

Não foi a única vez que esse primo abusou de mim, outra vez fiquei na casa de uma prima e bebi muito. Quando eu estava dormindo senti ele passar a mão em mim, só que eu estava com tanto medo que fiquei me mexendo para ele ir embora e acabei passando a noite em claro.

Outra coisa que também me afetou durante a minha depressão foi a baixa autoestima. Nunca me senti bonita e sempre me comparei com as minhas primas e minha irmã. Mesmo quando eu estava super magra que eu até desmaiava, eu não conseguia me enxergar magra o suficiente pra me achar bonita.

Eu tinha o acompanhando de uma nutricionista que me passava as dietas que eu tinha que seguir, mas muitas vezes eu coloquei o dedo na garganta para vomitar o que eu tinha comido. Eu também estava viciada na academia, ficava duas horas por lá fazendo exercícios para emagrecer. Foi então que comecei a desmaiar constantemente. Uma vez desmaiei correndo na esteira, foi aí que o pessoal da academia me proibiu de voltar, até que eu passasse a comer melhor, chamaram a minha mãe e uma nutricionista para ajudar. Aos poucos eu fui melhorando.

Por um bom tempo só Deus e eu sabíamos o que eu sentia e como era quando a madrugada chegava e eu só chorava. Não tinha vontade alguma de viver e nem um motivo se quer para isso. Eu não sentia nenhuma dor física, apenas uma tristeza profunda mesmo, vontade de ficar na minha cama, só dormia e chorava. Não gostava de sair e de ficar perto de ninguém e meus pais ficavam tentando me fazer sair de casa.

Tentei contra a minha vida umas três ou quatro vezes, me machucava, ficava me cortando. Cheguei a tomar remédios diferentes e com quantidades além da conta como 50 comprimidos diferentes, e até o que nunca me imaginei fazendo: tomei veneno para rato.

Aos poucos comecei a ir para a igreja e fui melhorando, lá eu me sentia bem, era compreendida, os louvores me descreviam. Quando eu não tinha forças para ir, o pessoal da igreja vinha na minha casa. Foi um momento muito importante para mim, me apeguei muito na fé e isso me ajudou demais.

Hoje estou aqui para provar que não foi impossível passar pela angústia e o sofrimento de se estar "sozinha" por que ali eu tive a minha família que nunca desistiu de mim e por quem eu decidi ter um motivo para viver, foi difícil, mas hoje posso dizer que eu consegui, renasci mil vezes, e digo a vocês, não desistam...

Anônimo (a), 31 anos, Depressão e Síndrome do Pânico

Jornalista

Eu sempre tentei ser uma pessoa responsável e dedicada. Ao mesmo tempo, eu me cobrava muito quando não atingia os meus objetivos, ou quando achava que poderia ter feito algo de uma maneira melhor. Mas a ansiedade não chegava a me prejudicar nessa época, pois acreditava que me motivava a realizar os afazeres de modo mais rápido e com foco.


No entanto, esse cenário mudou, quando em um ambiente de trabalho, eu passei por momentos que me deixavam extremamente triste e que me faziam duvidar da minha capacidade.


Um dia comecei a passar muito mal, e fui para o pronto-socorro. Meu coração estava tão acelerado e, eu tive uma sensação tão ruim, que nunca senti antes. Fiz um exame (eletrocardiograma) e viram que estava tudo bem. Então, a médica falou que eu poderia estar com síndrome do pânico.
Depois deste dia, comecei a passar por esses episódios constantemente. Mesmo assistindo TV ou fazendo algo que eu gostava. Decidi ir ao psiquiatra que me deu o diagnóstico de depressão e síndrome do pânico.


Eu segui a recomendação do psiquiatra e me afastei do ambiente que estava me fazendo mal. Mas mesmo saindo deste local de trabalho, continuei por dias, meses e meses sofrendo. Eu achava que logo quando saísse eu ficaria curada, mas não foi o que aconteceu.


Eu passei por diversos dias sem dormir. Ficava a noite toda refletindo sobre coisas ruins que aconteceram comigo, ou pensando no que deveria ter falado ou feito em determinadas situações, e eu sempre pensava como eu fracassei em tudo.


A ansiedade que antes eu acredita me impulsionar, passou a me deixar cada vez mais insegura e triste. Não achava que era capaz de fazer nada direito e, com a síndrome do pânico, tudo era extremamente cansativo de fazer. Pois antes de fazer algo, pensava nos problemas que teria que enfrentar e não tinha vontade de sair da cama, muito menos de casa.


Eu sempre tive muita fé, mas, neste momento, estava como Jó numa passagem bíblica em que ele diz que "conhecia Deus de ouvir falar". Eu falava para Deus coisas genéricas e me baseava na experiência de outras pessoas. Mas então decidi ter minha própria experiência com Deus. Comecei a pedir para Ele me orientar sobre as minhas atitudes e os meus sentimentos. E, cada vez mais, observava que quando eu orava mais alegre e mais fé sentia novamente, pois vi em Deus um amigo com quem eu poderia dividir todos os meus anseios e medos.


Neste ponto, adotei outra estratégia em relação às minhas reflexões. Como eu tinha insônia e, na minha cabeça havia um turbilhão de pensamentos, a hora de dormir era uma tortuta, porque simplesmente eu não conseguia adormecer. Eu me dei conta que os pensamentos que tinha eram sempre destrutivos, sobre algo ruim que me falaram, ou fizeram comigo ou sobre como eu me achava burra e incapaz. Estava num ciclo e só piorava.


Contudo, decidi que romperia esse "ciclo" e que a noite, que era minha pior inimiga, seria "enfrentada" de outra forma. Quando algo ruim surgia na minha mente, eu já falava "hoje vou pensar em algo bom", e forçava a minha memória. Lembrava de coisas boas que falaram de mim, ou que fizeram comigo, e também pensava em sonhos que tinha para o futuro, o que eu poderia fazer no outro dia e, toda essa esperança, começou a me animar.


Foi muito difícil fazer isso todo dia, é realmente um grande exercício, pois eu estava tão acostumada a me autodepreciar. Era como um "círculo vicioso" e muito destrutivo. Mas depois foi ficando mais fácil e ainda faço esse exercício. Procuro pensar em coisas boas e busco na memória lembranças positivas. E quando tenho problemas para resolver, foco nas soluções e como vou agir, ao invés de ficar me martirizando como antes. Porque eu era tão crítica que acabava não fazendo nenhuma atividade até o final.

Atualmente, presto mais atenção em tudo que faço, para não permitir que pensamentos invasivos me desmotivem e atrapalhem minhas ações. Deste modo, tento me concentrar em cada detalhe, antes que minha mente queira me "sabotar" e também evito protelar. Pois me sinto mais motivada quando faço logo os meus deveres, porque anteriormente ficava angustiada e sofria por antecipação.


Outro ponto importante, se você for analisar, nós conseguimos enumerar características maravilhosas das pessoas que amamos, porém somos muito exigentes com nós mesmos, ainda que as pessoas citem qualidades em nós. Portanto, é muito importante o apoio de alguém de confiança quando você não está mais enxergando o seu potencial, para que você desenvolva o amor próprio e este fortalecerá ainda mais o seu amor ao próximo.


Não fique só, procure auxílio e apoio. No seu caminho vão aparecer pessoas que dirão que depressão é bobagem ou que não existe, mas também há pessoas que querem ajudar de alguma forma e que você pode desabafar e, indicar de que modo podem oferecer apoio. Seja ligando para você, ajudando a realizar alguma atividade que tem receio, orando ao seu lado ou mesmo saindo com você para algum lugar que a síndrome do pânico tem limitado.


Lembre-se que para cada pessoa existe um tratamento e uma abordagem. Cada um tem uma experiência, mas o mais importante é que você saiba que existe tratamento sim e que você não está sozinho, outras pessoas passaram e passam por isso e podem ajudar. E, eu não posso deixar de dizer, o que eu aprendi: Jesus é um amigo fiel e para todas as horas! Hoje, o meu conhecimento sobre Ele não vem somente da bíblia ou da história de outras pessoas, agora eu realmente vejo o seu amor e zelo em todos os aspectos da minha vida! 

Jéssica Caroline Azevedo, 28 anos - Depressão

Administradora de Empresas

Aos 8 anos meus pais se separaram e isso foi um baque, afinal eu não esperava e sempre fui muito apegada ao meu pai. No começo eu só chorava e atacava minha mãe, pois achava que aquela decisão era culpa dela, mas até então não sabia do que se tratava.

 

Num certo dia precisei fazer uma tomografia computadorizada e na retirada de um dos cateteres a enfermeira notou um buraco sem cabelo na minha cabeça e mostrou para minha mãe, procuramos uma dermatologista que me diagnosticou com a alopecia areata (doença caracterizada pela queda de cabelo ou pelos em várias partes do corpo) e dia a dia fui perdendo os cabelos, até ficar completamente careca na parte de cima, isso aos 8, 9 anos para uma criança era o fim.

 

Ali descobrimos o início da depressão, afinal eu perdia os cabelos e a vontade de viver, eu não saia do quarto, não comia, não ia para a escola, chorava noite e dia, tentamos todos os tipos de tratamentos e medicamentos, para curar o cabelo e o emocional, eu não sentia melhorias, eu não via diferença e sempre abandonava por rebeldia.

 

Eu parei de viver e sempre atacava minha mãe à culpando, e ela só queria me ajudar e salvar daquilo, chorava ao me ver naquela situação aos 10 anos, afinal eu era uma criança que deveria estar brincando na rua e, pelo contrário, estava em casa trancada e chorando. Tentei tomar todos os remédios juntos, quase morri intoxicada, mas minha mãe conseguiu me salvar a tempo e me levou para o hospital.

 

Comecei a fazer o tratamento com o psiquiatra e tomar os remédios corretos e assim a minha autoestima começou a melhorar, os cabelos voltaram a crescer, porém é um processo lento, passei a ir para escola de peruca ou chapéus, tentei voltar a viver, mas sempre havia recaídas, as coisas que me machucavam eu não conseguia colocar para fora ou expor algo que não gostava, eu sempre guardei para mim e me trancava no quarto.

 

A minha vida foi completamente feita de altos e baixos, eu nunca tive alta e os cabelos nunca mais foram 100%, possuo várias falhas ainda e sempre que o emocional não está bem com alguma coisa, os cabelos caem e eu me pego a chorar.

Aos 20 anos me tornei mãe pela primeira vez, que medo, que desespero, eu pensei que não ia conseguir, tive depressão pós-parto, eu pensei diversas vezes em sumir e deixá-las, mas a maternidade me fez muito bem. Hoje sou mãe de duas meninas lindas que têm me ajudado a curar esse emocional dia a dia, tenho altos e baixos como sempre, mas hoje me sinto bem melhor! Todas as vezes que penso em desistir lembro delas e que elas precisam de mim.

 

Diante de todo o sofrimento da vida, hoje me tornei uma pessoa expressiva, eu falo o que eu quero, o que penso e muita das vezes até demais ou besteiras, não levo desaforo para casa e não deixo ninguém tripudiar em cima de mim, evito chorar em público e faço de tudo para fazer aquilo que quero, muita das vezes minha autoestima está baixa, mas não me deixo abater e invento coisas ou me arrumo para que não me deixe cair!

 

Infelizmente nunca me curei dessa doença horrível que por diversas vezes quase me tirou a vida. Pensei em sumir diante das dificuldades, mas nunca estive só, minha mãe e a minha família sempre estiveram ao meu lado, menos o meu pai biológico, ele nunca me ajudou ou se preocupou com a minha situação, mas tudo bem, isso tenho superado aos poucos, mas não é fácil! Vivo um dia de cada vez e sempre penso no amanhã melhor, as minhas filhas me proporcionam isso e me dão força para nunca desistir.

 

A depressão não é brincadeira e o que me ajudou até hoje é o amor! hoje eu me amo, amo a minha vida, amo tudo que tenho, e faço com que esse amor cure a dor do passado e um dia irei superar tudo aquilo que me fez mal.

 

A minha mensagem é única, não tenha medo de pedir ajudar, não tenha vergonha de dizer “eu não estou bem...”, não fique sozinha, grite, desenhe, chame ou coloque uma carinha triste nas suas redes sociais, alguém saberá que precisa de ajuda e irá te ajudar com o coração. Lute contra isso, não se deixe abater, eu sou feliz hoje porque eu luto todos os dias contra esse dragão, chamado DEPRESSÃO.

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